sexta-feira, 4 de julho de 2008

A VIDA NAS ENTRELINHAS....( Para um Amigo )



Às vezes nos pegamos no olho do furacão de uma relação que não nos pertence. O mais sensato seria sair dessa e evitar qualquer tipo de envolvimento.

Mas sabe essa mania de se colocar no lugar dos outros. Em não querer ver alguém sofrendo, passando por uma situação que não gostaria de estar e por isso tenta de todas as formas tirá-la de lá?

Pois é...

Não tenho amizade com esta pessoa há tanto tempo, mas desde que nos conhecemos há alguns meses atrás, é como se já o conhecesse pois a afinidade foi imediata.

Hoje sinto um carinho grande por este amigo e nos últimos dias venho tentando levantar o astral dele, tentando fazê-lo enxergar que a dor que sente hoje não deve ser eterna. Que ele tem que levantar a cabeça e seguir adiante.

A vida tem tanta coisa boa para oferecer a ele. Novas oportunidades, novos amores porque devemos sempre estar aberto para isso, realizações, amizades...

Mas quem quer saber se a vida reserva algo bom pela frente, quando se sente tão decepcionado, ferido e amargurado,sem saber o motivo que levou tudo a desmoronar?

Como entender algo que não tem explicação? Como entender algo que não tem fundamento?

Em um dia, são feitos planos quase no estilo "um amor , uma cabana e nada mais". E os sentimentos pareciam tão firmes, tão verdadeiros, mútuos....

Quando amamos nunca percebemos a realidade do outro, como aqueles que estão de fora.

Parece que a inocência toma conta. Inocência no fato de não imaginar que aquele sonho um dia poderá virar um pesadelo. Inocência em não perceber que o outro pode manipular sentimentos, "verdades" e sei lá mais o que.

Quando pensamos apenas com o coração, não percebemos que podemos ser usados, que podemos nos deparar com uma realidade dura, uma realidade que machuca.

Quando pensamos apenas com o coração nunca iremos perceber o outro da forma verdadeira que é.

Esse meu amigo vivia uma relação e estava praticamente no altar. Uma relação que não o completava. Uma relação que a possessividade imperava. O ciúme guiava os passos da noiva. De repente, como uma luz aparece uma outra pessoa ( minha amiga) que tem todas as qualidades que ele buscava em uma mulher e que achava que não seria capaz de existir.

É, ela tinha e continua tendo todas as qualidades, mas esqueceu que no mesmo pacote vem os defeitos. Mas estes ninguém quer comprar. Acaba sendo aquele produto grátis que vem nas ofertas e você acaba levando, mesmo sem querer. Acredita que pode encontrar uma utilidade boa para aquilo um dia.Mas na verdade deixamos lá, escondidos ou esquecidos no fundo do armário, só que um dia nos deparamos com ele e temos que tomar uma atitude.

Uma relação vivida intensamente. Como se o mundo fosse acabar no dia seguinte.

Juras e promessas de uma vida juntos.

Conto de Fadas.

Tão pouco tempo mas tanta intensidade.

E de repente, do nada, tudo desmorona, como aqueles castelos de cartas que costumamos fazer e um mínimo de vento ou movimento errado, tudo cai.

Desculpas fracas que não convencem.

Falta de diálogo.

Interesses que tomaram rumos diferentes.

Ninguém merece estar numa situação assim.

Saber o que se passa com o outro é fundamental para desfazer os nós que parecem dar na alma.

A falta de explicação deixa o vazio....

E esse vazio, dói.

E quanto a isso, sei como é a dor.

Por isso acho que todos nós somos capazes de sair de uma situação assim. Onde essa dor dilacerante toma conta da gente.

Somos capazes de nos levantar, quando achamos que o abismo é o nosso lugar.

Somos capazes de nos levantar e dizer para nós mesmos que o sofrimento não pode ficar eternamente, que ele tem data de validade. Tudo tem uma data de validade. A vida aqui na terra tem data de validade. Nós vivemos um ciclo: nascemos, crescemos, amadurecemos e deixaremos essa matéria.

É aquela situação onde precisamos sofrer para tirar algum proveito dele. Pois também podemos aprender com o sofrimento.

O poder de continuar vivendo no sofrimento será nosso. Nós é que escolhemos como queremos viver: se afundamos na solidão, na melancolia, na dor ou se nos livramos de todos estes sentimentos para dar oportunidade do novo entrar em nossas vidas.

Nós é que temos a capacidade de determinar aquilo que terá mais importância em nossa vida.
Tudo bem que passemos por um período de "luto" emocional. Mas não deixemos que passe mais tempo que o necessário.

Temos que entender que algumas pessoas têm a facilidade de encarar a vida de frente, resolvendo seus problemas através de diálogos sinceros. Mas existem aquelas que só conseguem resolver seus casos nas entrelinhas fazendo com que a responsabilidade passe a ser do outro. Ou seja, o outro tem que compreender que acabou através de uma palavra que pode significar "n" coisas e geralmente o outro entenderá da forma que mais lhe convir.

Algumas pessoas levam a vida nas "entrelinhas" e querem que os outros compreendam e aceitem.

Mas a vida para ser realmente vivida, tem que ser escrita em textos claros para que todos possam compreendê-la.

Façamos nossos textos, mesmo que tristes em algumas partes, mas belos textos com um final que nos orgulhe!